sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Bibliotecas de escolas de Ribeirão "pedem socorro"

Bibliotecas de escolas de Ribeirão "pedem socorro"
Juliana Coissi - Folha de S.Paulo - 29/08/2010


A sala, apertada, só comporta estantes. Não há funcionários. O local guarda também caixas de apostilas, de aparelhos e de restos de enfeites da festa junina. A descrição parece a de um almoxarifado de repartição pública, mas é o cenário de boa parte das bibliotecas das escolas da rede estadual em Ribeirão Preto. Estimativa da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) aponta que 80% das bibliotecas das escolas não são adequadas. A Folha ouviu o relato de professores, diretores e representantes da Apeoesp sobre a situação de 21 das 66 escolas da cidade. Em pelo menos dez, entre elas a Vicente Teodoro de Souza e a Domingos Baptista Spinelli, a sala da biblioteca fica trancada.

O professor, quando necessita, retira livros e os leva para a classe, pois a turma não cabe na sala. "Eu tenho livros para a biblioteca, mas não tenho um lugar bom", disse a diretora da Jesus Jacomini, Suzana Ferro, coordenadora regional da Udemo, sindicato dos diretores de escola. Maria Aparecida de Almeida Silva, professora de português da Vicente Teodoro, conta que trabalha com kits de livros que cada aluno leva para casa. Ela também recorre à biblioteca, mas a sala é pequena para a turma."Biblioteca é necessária, um espaço maior também. O aluno, tendo acesso ao livro, tende a crescer", diz Silva. Em 12 das 21 escolas consultadas, não há ninguém que tome conta da biblioteca. Quando há, são os chamados professores readaptados. "É aquele que está
impossibilitado de dar aula por saúde ou estresse, mas não recebeu treinamento para ser bibliotecário", descreve José Wilson Maciel, da Apeoesp. Na maioria, o acervo é atualizado, mas os livros ficam em caixas. A situação é pior nas escolas Rosângela Basile e Oscar de Moura Lacerda, que sequer tem uma sala para abrigar os livros. A Folha tentou visitar algumas escolas, mas foi proibida pela Secretaria de Estado da Educação. A Diva Tarlá de Carvalho foi a única escola em que a entrada da equipe foi permitida. É justamente a única da cidade que tem o projeto do governo de sala de leitura. A biblioteca tem espaço, acervo atualizado e dois professores exclusivos. Criado em 2009, o projeto já rende dividendos na nota e na disciplina dos alunos.

O relato não confere, diz secretaria
Em nota, a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Educação disse que o relato de diretores e professores de 21 escolas (relato, já que a Folha não pôde entrar nas unidades) "não confere com o que é passado pelas
escolas à Diretoria de Ensino." A nota diz, porém, que a diretoria enviará "supervisores para as escolas a fim de verificar a situação das salas de leitura." O Estado afirma que os espaços hoje existentes são chamados de salas
de leitura -não bibliotecas. Admite que elas não funcionam como a biblioteca modelo da Diva Tarlá de Carvalho. Diz que, até 2011, o projeto será implantado em 900 escolas no Estado, sem informar as cidades.

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