segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Projeto da UFRJ digitaliza Coleção Brasiliana


 São Paulo, sábado, 28 de agosto de 2010 Folha de S.Paulo - Ilustrada
Projeto da UFRJ digitaliza livros da Coleção Brasiliana
Portal coordenado pelo historiador Israel Beloch já disponibiliza 80 volumes on-line; série é referência em relatos sobre o Brasil
MARCO RODRIGO ALMEIDA
DE SÃO PAULO
Projetos longos e complexos não são novidades na vida do historiador e pesquisador Israel Beloch, de 68 anos.
Ao "Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro" (1985), cinco volumes dedicados aos principais fatos políticos brasileiros desde 1930, ele dedicou dez anos de trabalho.
Coordenou uma equipe que produziu mais de 6 mil verbetes e 5 mil biografias das mais importantes personalidades políticas do período, além de artigos temáticos referentes à história contemporânea do Brasil.
Há dois anos Beloch vê-se envolvido num projeto não menos superlativo: digitalizar os 415 volumes que compõem a Coleção Brasiliana.
O resultado poder ser conferido no site www.brasiliana.com.br. Lá estão as 80 obras já digitalizadas, disponíveis em duas versões: o fac-símile da edição original e o texto correspondente com a ortografia atualizada.
O portal Brasiliana Eletrônica, do qual Beloch é editor-chefe, é desenvolvido pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) com apoio do Ministério da Educação.
A expectativa é completar todo o trabalho nos próximos dois anos.
Publicada originalmente pela Editora Companhia Nacional entre 1931 e 1993, a Coleção Brasiliana reúne relatos de brasileiros e estrangeiros que, somados, formam um amplo retrato da história do Brasil.
"Toda a realidade brasileira é esquadrinhada. O país é visto pelos ângulos da política, sociologia, ciências e cultura", completa Beloch.
Algumas das obras já disponíveis no site trazem também apresentações críticas e comentários de especialistas. A ideia é incluir os textos introdutórios em todos os volumes da coleção.
TEXTOS RAROS
O trabalho "árduo", como define Beloch, é realizado por uma equipe formada por 15 pessoas.
Primeiro os livros passam por um processo especializado de digitalização. Depois, um programa de computador transforma as imagens em texto.
A etapa final -revisão, padronização e atualização ortográfica- pode consumir até dois meses de trabalho para cada livro.
"É tudo muito gratificante. É uma forma de divulgar o conhecimento para novas gerações e resgatar autores importantes que estavam esquecidos", define Beloch.
Dos 80 textos já disponíveis on-line, o mais antigo é o "Tratado Descritivo do Brasil em 1587", do viajante português Gabriel Soares de Sousa (1540-1591).
A obra, uma das primeiras escritas sobre o Brasil, aborda variados aspectos da colonização, geografia, agricultura e recursos naturais.
Outro destaque da coleção é "Diário de uma Viagem ao Brasil", escrito entre 1821 e 1823 pela inglesa Maria Graham (1785-1842).
Um dos raros relatos históricos femininos publicados no século 19, o livro de Graham traz valiosos comentários sobre a vida social do Rio de Janeiro da época.
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Livros eletrônicos reduzem estigmas da leitura solitária
AUSTIN CONSIDINE
DO "NEW YORK TIMES"
Muito já foi escrito sobre a capacidade da tecnologia de conectar pessoas. Mas enterrar-se em um livro sempre foi algo que isola a pessoa um pouco. O que dizer, então, de um aparelho que fica na intersecção entre os dois?
"Estranhos me perguntam sempre sobre ele", comenta Michael Hughes, assessor da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, sobre o iPad em que lê romances e não ficção. "Isso raramente ocorre com livros feitos de árvores mortas."
A Amazon informou que as vendas do Kindle até agora são três vezes maiores que as de 2009. Após a empresa reduzir o preço do leitor em junho, no mês seguinte vendeu 180 livros eletrônicos para cada cem de capa dura. "Historicamente, há um estigma ligado à traça de livros -algo derivado da ideia infundada de que, se você está lendo, não está socializando", explica Paul Levinson, da Universidade Fordham.
"Mas o livro eletrônico muda isso, pois está intrinsecamente conectado a sistemas maiores." Para muitos, converteu-se em acessório obrigatório, anulando noções do que é ser alguém que gosta de livros. "Comprar literatura voltou a ser cool."
"Vivemos em uma era "high-tech" e a elegância e a portabilidade do iPad apagam qualquer estigma negativo associado à leitura solitária", diz a dermatologista Debra Jaliman, que lê de jornais a romances no iPad. Mas, para a escritora e colunista Jenny Block, o Kindle funciona como rejeição preventiva mais forte que o livro. "Ele transmite uma mensagem imperativa: "Estou ocupada, não me perturbe". O que é uma coisa boa. Ele diz: "Estou acostumada a fazer isso. Não tenha pena de mim"."
Tradução de CLARA ALLAIN
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